Lisboa Minha Cidade

Lisboa Minha Cidade
Mirador de Santa Luzia

sábado, setembro 30, 2006

Esfinge

Os Três Estádios da Mulher (Esfinge), cerca de 1894
Óleo sobre tela, 164 x 250 cm
Bergen, Colecção Rasmus Meyer

Numa tese de 1985, sobre a utilização de trios de mulheres por parte de Munch, a estudante Monika Graen identificou os Três Estádios da Mulher (Esfinge) como sendo a obra germinal do artista a usar este motivo. A tela, actualmente na Colecção Rasmus Meyer, em Berger, foi pintada por volta de 1894 e xibida pela primeira vez naquele mesmo ano - com o título Esfinge - na Exposição de Estocolmo dos quadros do artista sobre o tema do amor. Na exibição de Berlim, em 1902, foi a peça central da sequência de «O Amor Floresce e Morre».

Os poucos esboços e estudos preliminares que foram publicados mostram que as três mulheres não foram projectadas como retratos de três mulheres individuais, mas sim (como o título mais tardio sugere) como uma representação artística visual dos conceitos de Munch relativamente aos diferentes aspectos da Mulher.

À esquerda, vemos a mulher do mar, da água, a ninfa da água que não presta atenção nenhum galanteio msculino. O seu cabelo gracioso imita os contornos harmoniosos da beira-mar e das ondas. Este tipo de mulher reaparece mais tarde em Separação e em outras obras.

No centro encontra-se uma mulher alta e nua, com as mãos atrás da cabeça e as pernas abertas, a fitar-nos com um esgar quase demoníaco. Existe algo de genuianamente alarmante nesta mulher. A sua expressão facial faz lembrar a de Madona, ams o seu cabelo ruivo, as sobrancelhas e lábios fictícios e a forma como segura a cabeça fazem lembrar o retrato de Dagny Juell (Ducha) Przybyszewska que Munch pintou um ano antes, e é a própria Monika Graen quem sugere ter o artista modelado esta imagem com base na figuar de Ducha.

A terceira mulher está mesmo ao pé dela, mas encontra-se meio envolvida pela escuridão da floresta. Tanto a irmã pesarosa de Munch, Inger, como Milly Thaulow, que aprece em Luar, podem ser vistas nesta mulher, e as suas semelhanças parecem ser confirmadas pela saia comprida e preta a cair no chão. Todavia tais semelhanças não são de facto tão importantes como o que Munch fez da mulher. Com os seus olhos aprofundados em sombras, ela tem algo de cadáver, e a linha preta que orla as figuras é igual à moldura de um anúncio necrológico.

Na quarta parte do quadro, do lado direito (cuja estrutura seccional faz lembrar a de variados precursores, de entre os quais os frescos que Hans von Marees realizou vinte anos antes), vemos um figura masculina de pé entre duas árvores. A sua cabeça está curvada, as suas características são simplificadas até ao ponto da geometricalidade decorativa e do cabelo penteado ao estilo de capacete, ou seja, o mesmo tipo de homem de Melancolia.

TASHEN

Sem comentários: