Lisboa Minha Cidade

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Mirador de Santa Luzia

terça-feira, outubro 03, 2006

A voz do meu povo

É da torre mais alta do meu pranto
que eu canto este meu sangue este meu povo.
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo.


Cantar como quem despe a ganga da tristeza
e põe a nu a espádua da saudade
chama que nasce e cresce e vive e morre acesa
em plena liberdade


É da voz do meu povo uma criança
seminua nas docas de Lisboa
que eu ganho a minha voz
caldo-verde sem esperança
laranja de humildade
amarga lança
até que a voz me doa.


É da voz do meu povo uma traineira
que já não pode mais andar à toa
e assento a minha voz na Praça da Ribeira
na praça da canção que tem Lisboa.


Santos José Carlos Ary,in "As Palavras das Cantigas", edições Avante!

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